A eternidade do Ser

O dia é sempre o dia, o lugar é sempre o lugar, a hora, sempre a hora.

Ora pois, vida depois da vida, vida depois da morte, morte depois da vida. Tanto faz.

A vida continua, a vida está sempre presente, a vida é eterna, você é eterno.

Da compreensão disso, o inusitado.

Ser eterno.

Não é isso que todo mundo quer? A eternidade.

Viva então em conformidade com isso, não morrendo, transformando.

Transformar é a um só tempo viver e morrer.

Transformar é renascer.

A vida está na transformação e a morte também.

Então, o que é vida, o que é morte?

Nunca saberá.

Um é continuação do outro, um é parte natural do outro.

Por que então dividir em antes e depois, vida e morte?

Ter isso em mente e viver em conformidade com isso é o segredo que poucos alcançam.

Estamos tratando de dois elementos: o infinito e a eternidade.

Espaço sem fim, vida sem fim e, nem tampouco, começo.

Fique quieto e tente conceber esta maravilha.

É difícil para essa sua mente tão acostumada ao antes e depois, lá e cá.

É difícil para você sair das grades tão enferrujadas e velhas de seus conceitos pobres e limitantes.

Tal vez a grande e primeira transformação será a de seus conceitos.

Libertar-se dos conceitos é abrir-se para a vida, sem tempo ou lugar, eterna.

Viva distraído, sem pressa, sem ter que chegar ou buscar.

Deixe-se ir no turbilhão das coisas, no burburinho da vida.

Deixar-se caminhar para onde a corrente levar alegre e confiante de que em qualquer lugar e de qualquer maneira a vida o encontrará.

Viver em conformidade com isso é viver encantado.

Estar encantado é estar presente em tudo, sem querer alterar ou mudar o curso natural das coisas.

Vamos frisar: não existe o lá e cá, não existe o antes e o depois.

Tudo é um só.

Um só.

A unidade, a comunhão, o contato com todo o universo, com o divino.

Verá como é possível viver de maneira diferente, na gratuidade.

Gratuidade é não fazer barganhas e nem querer ganhar nada.

Não ter que vencer nem querer ter.

Viver indo, viver vivendo simplesmente, sem regozijar nem reclamar.

Quando o rio e o mar se encontram, eles se fundem.

O rio deixa de ser rio e vira mar.

Rio e mar são nomes diferentes que damos a tipos diferentes de água.

Mas, na essência, tudo é água, tudo é movimento, é vida.

A água será sempre água, em qualquer lugar -muda apenas de forma ou estado-.

Os estados da água, os estados da alma.

A alma muda de estado, volatiliza.

Muda outra vez e torna-se sólida, num corpo compacto.

Toma a forma do recipiente que a contém.

O corpo é o recipiente da alma.

Nós confundimos o recipiente com o conteúdo.

O corpo não é o seu ser, o seu ser não é o corpo.

O seu corpo é perecível, o seu ser, não.

Parecer e ser, a escolha é de cada um.

Quanto mais você conseguir a verdadeira expressão interior, maior será o seu contato com o exterior.

O de dentro e o de fora se fundirão como o rio e o mar.

Então as coisas do mar conterão as coisas do rio e as coisas do mar tocarão o rio.

Rio e mar num só.

Corpo, universo e alma numa só expressão.

O eu interior em comunhão com o universo.

O universo contido no espirito.

Poderá ver e tocar o espaço azul infinito, para sempre.

Dia após dia, noite após noite, para sempre, eternamente.

Evoluir é isto, sair de dentro e encontrar o de fora.

Sair dos estreitos limites de seus conceitos e comungar com a vida, com o universal.

-Jeremias Horta-

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